tag:blogger.com,1999:blog-5694758529277677533.post473852928542518018..comments2023-04-11T14:36:02.874+01:00Comments on Livre e Humano: BAUDELAIRE E O RISOAmadeu Carvalho Homemhttp://www.blogger.com/profile/04830938681229758224noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-5694758529277677533.post-90081663100335023862007-07-31T09:42:00.000+01:002007-07-31T09:42:00.000+01:00Caríssimo Amigo,Estive ausente. Ausente física e m...Caríssimo Amigo,<BR/>Estive ausente. Ausente física e mentalmente; ausente dos Amigos e dos blogues – meus e alheios. Estava necessitado.<BR/><BR/>As suas doutas e muito bem estruturadas postagens são para mim, leitor comum, um verdadeiro desafio: gosto de lhes acrescentar o meu insignificante ponto de vista ou, se preferir, a opinião de quem anda “na rua” de olhos abertos com o prazer de ver para pensar.<BR/><BR/>A propósito do riso – que tão magnificamente “encaixa” nos autores que o definiram ou lhe deram contornos – gostava de deixar por aqui um pensamento disperso, vulgar: duas adjectivações: o riso alvar, bronco, e o riso inteligente, subtil.<BR/><BR/>Quantitativamente, apoiado numa mera percepção sem fundamento científico, diria que o primeiro – o alvar ou bronco – está cada vez mais a crescer numa sociedade que vive do consumismo a qualquer preço, porque, importante, hoje em dia, é gastar no desnecessário os cabedais que podem faltar para o essencial. Este acto, que parece esgotar-se no campo da Economia, transcendo o social e reflecte-se nos comportamentos quotidianos, aceitando, sem o crivo da mais elementar crítica, a alarvidade de tudo o que é simples, boçalmente simples. O riso brejeiro deu lugar ao riso alvar, massificando e massificado através de meios de comunicação globalizantes.<BR/>Assim, em poucas décadas, o riso deixou simplesmente de ser um substantivo isolado para precisar de um adjectivo caracterizador, pois como mero resultado de um estado de espírito alegremente momentâneo foi habilmente subvertido em um artigo para consumo sem limites.<BR/><BR/>O riso subtil surge como contraponto ao anterior, mas cheio de subentendidos; perdeu a virgindade que lhe advinha da inteligência de quem o soltava para ganhar a manha de todos quantos querem parecer o que não são, exactamente porque, numa sociedade edificada sobre símbolos e não sobre valores reais, toma-se quem parece por quem é ao contrário de se desmistificar o efeito pernicioso que o consumismo introduziu, subvertendo, conceitos que o comércio antigo, feito na base das necessidades, desde sempre havia deixado construir.<BR/><BR/>Deixo-o com a dúvida – que me assalta, também – se, afinal, o riso pode ser fruto de lucubrações que vêm da área da Economia e da Política ou se deveria quedar pelos tão belos, transparentes e singulares domínios da Filosofia e da Literatura.Luís Alves de Fragahttps://www.blogger.com/profile/09593219147119946942noreply@blogger.com