31 de julho de 2008
SOLIDÃO NA MULTIDÃO
27 de julho de 2008
SIMBOLOGIAS GRATAS
23 de julho de 2008
HERÓIS E POLTRÕES
PS - A figura representa o triunfo de três heróis (um dos quais acocorado) sobre um poltrão. O poltrão é o que está a ser vergastado. Parece que ele dava pelo nome de Jesus Cristo.
20 de julho de 2008
ELOGIO DO CINISMO
17 de julho de 2008
A QUEM NOS QUER BEM
Luís Alves de Fraga e João de Castro Nunes.
Que viva quem nos quer bem
Na porfia desta vida
E quem nos der por cumprida
A razão deste entretém.
Quem me lê dá-me a certeza
De saber que vivo estou
E de conhecer que vou
No bom rumo da lhaneza.
Que viva quem nos quer bem
E quem nos dá alegrias
No vencer destas porfias
De saber o que se tem.
Cá por mim digo em verdade
Que por cada verso feito
Me sinto tão imperfeito
Quão falho de qualidade.
Cada vento, cada vela
Cada mar, cada saudade
Cada hora de trindade
Aponta uma nova estrela.
Sinto-me vogar no Além
Como se me desfizesse
Num caminho, numa prece,
Que tudo pede a ninguém.
Cada um guarde o que tem
A cada qual obrigado
Por destino destinado.
Que viva quem nos quer bem!
15 de julho de 2008
DE MONSTRIS
1º - Considera sempre a diferença como uma ameaça, seja ela diferença de etnia, de opinião, de gosto subjectivo ou de estatuto social.
2º - Não acredites na generosidade. Invoca Hobbes e declara, em todas as situações, que “o homem é o lobo do homem”.
3º - A Liberdade será sempre para ti uma utopia generosa mas irrealizável, porque o que o ser humano necessita é de rédea curta e de chicote preparado.
4º - Proclama legítima e pedagógica toda a violência sobre as mulheres e as crianças.
5º - Descobre, nos actos de cada um e de todos, a hipocrisia de um entranhado calculismo, mesmo se, aparentemente, tais actos possam ter a feição de dádivas movidas pelo altruísmo.
6º - Desconfia da ingenuidade e não acredites na inocência. Todos deverão ter uma culpa escondida a expiar.
7º - Declara-te infalível na avaliação do comportamento alheio.
8º - Repudia energicamente a ternura, sempre que a vires assomar ao teu coração.
9º - Nunca aceites que alguém possa ser-te superior, quaisquer que sejam os planos da comparação com as tuas próprias realidades.
10º - Nunca sejas grato a quem te fez bem.
13 de julho de 2008
NOS CINQUENTA ANOS DA "CARTA A SALAZAR"
10 de julho de 2008
FOME E TRUFAS
O noticiário diz-me que os representantes dos mais ricos países do globo reuniram num qualquer lugar deste peregrino mundo para discutirem gravemente o flagelo maior da Humanidade: a fome. A conversa foi renhida. Tão renhida e séria, tão polémica e incandescente que fez … fome. As sublimidades foram então almoçar, acrescentando o noticiarista que o apetite era muito. Mas as vitualhas escolhidas revelaram-se à prova de quaisquer exigências estomacais e dos mais imperiosos assomos de requinte. Sabe-se que foram servidas trufas negras, vinhos preciosos e toda a casta de iguarias, dignas de Nero e do seu afeiçoado Petrónio. Como era de prever, o conciliábulo terminou sem conclusões, mas com muitos "tagatés" e votos de mútuas prosperidades, formulados pelos ilustres convivas. Todos falaram, aos brindes da sobremesa, nas crianças do Sudão, nos velhos da Etiópia, na penúria de certos pueblos mexicanos, nas patifarias de Mugabe e nas razias da tuberculose, já às portas da Europa, seguramente trazida por etnias magrebinas, em migratórias demandas, incómodas e pouco recomendáveis. Depois rumaram todos às suas casas, convictos de que o problema da fome no mundo é de tal maneira sério que se tornavam necessárias, para o resolver cabalmente, mais umas cinco ou seis reuniões, iguais à que decorrera. O jornal não dizia o mais importante, ao omitir que a vergonha é hoje um prurido escasso. Tão escasso como as trufas negras.