14 de dezembro de 2008

VAIDADE

Ai, como é inábil e vaidosa,

A humana natureza,

Gerando, pressurosa,

A solução imaginosa

Da própria vileza.

Sobre a sua milenar ignorância

Milenares gerações tornaram importantes

Uns tantos broncos cidadãos impantes

Com os armários do cérebro esvaziados

Para utilizarmos palavras de Cervantes.

Coitados destes sábios flatulentes

Manejadores de verbos incipientes

E de fala tão supinamente ática

Como a correspondente falta de gramática !

Haja, contudo, cuidado e parcimónia.

Somos todos assim, feitos deste metal

Vulgar e quebradiço. O verdadeiro mal

Está em nos julgarmos para sempre

Mui merecedores de mesura e cerimónia…

 

1 comentário:

Anónimo disse...

VAIDADE DAS VAIDADES


Vaidade das vaidades
e tudo é vaidade,
assim passam as vontades
como as cousas da vontade.
Tudo já se desejou
e tudo se aborreceu
e tudo se já ganhou
e tudo se já perdeu.

D. Luís da Silveira (séc. XVI)