Ai, como é inábil e vaidosa,
A humana natureza,
Gerando, pressurosa,
A solução imaginosa
Da própria vileza.
Sobre a sua milenar ignorância
Milenares gerações tornaram importantes
Uns tantos broncos cidadãos impantes
Com os armários do cérebro esvaziados
Para utilizarmos palavras de Cervantes.
Coitados destes sábios flatulentes
Manejadores de verbos incipientes
E de fala tão supinamente ática
Como a correspondente falta de gramática !
Haja, contudo, cuidado e parcimónia.
Somos todos assim, feitos deste metal
Vulgar e quebradiço. O verdadeiro mal
Está em nos julgarmos para sempre
Mui merecedores de mesura e cerimónia…
1 comentário:
VAIDADE DAS VAIDADES
Vaidade das vaidades
e tudo é vaidade,
assim passam as vontades
como as cousas da vontade.
Tudo já se desejou
e tudo se aborreceu
e tudo se já ganhou
e tudo se já perdeu.
D. Luís da Silveira (séc. XVI)
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