21 de setembro de 2011

O MEU ARQUIVO DE IMAGENS 3. Pérolas a porcos


A expressão “dar pérolas a porcos” revela-nos uma genealogia muito antiga. Tome-se como exemplo a representação que se apresenta num baixo-relevo do período medieval, de um templo em Ruão, na Normandia, onde se apresenta uma mulher que alimenta os seus porcos com rosas. “Alimentar porcos com rosas” é uma ideia completamente equivalente ao sentido que ainda hoje se confere à frase “dar pérolas a porcos”. Seria curiosa a demanda em torno da questão de apurar os motivos da menor consideração que o porco mantém, mesmo nas formações sociais judaico-cristãs, em relação a outros animais comestíveis. Poderia indicar-se a nula tendência, apresentada pelo porco, relativamente a práticas ou hábitos higiénicos. Poderia imaginar-se que um animal pouco exigente no domínio alimentar tenha suscitado pendores marcantes de repulsa por parte do ser humano. Mas contra isto poderá prevalecer a inegável utilidade de um animal cuja matéria física é totalmente aproveitada na nutrição corrente. O porco é, comprovadamente, um bicho mal-amado. Na expressão “dar pérolas a porcos” , o animal visado poderia ser substituído por qualquer outro. Mas ninguém diz “dar pérolas a ovelhas”, “dar pérolas a jumentos” ou “dar pérolas a cães”. E contra isto, nem os belos enchidos são factor de valorização…

3 comentários:

João de Castro Nunes disse...

Para o efeito, Professor,
serve qualquer animal
ou mesmo até, por favor,
o ser humano em geral!

JCN

João de Castro Nunes disse...

Diz-se que topando um galo
uma esmeralda no chão,
não sentiu qualquer abalo
ante aquela aparição!

JCN

João de Castro Nunes disse...

Com rosas alimentar
um porco é tempo perdido,
pois nem fica agradecido
nem lhe dá para engordar

JCN