8 de dezembro de 2011

FRIO


Faz frio lá fora, não achas?

As coisas estão brancas por dentro

E a terra revela o estranho silêncio do estéril.

Ao longe, um sol redondo e menos do que morno;

Ao perto, expressões de amantes desavindos.

Está frio aqui, não achas?

Acende-se a lareira?

Mas como e com quê?

A lenha só existe em árvores transidas.

Ainda agora vi um pássaro de penas eriçadas

De pavor e solidão.

Não, não caem co’a calma as aves.

O que cai sobre nós é o protesto de raízes

Procurando alcançar um renovado alento de seiva.

Faz frio, muito frio, não é ?

O fogão de sala prescindiu da sala e ficou só.

E nós também.

Somos frio, não somos?

4 comentários:

João de Castro Nunes disse...

Camoneando:

INEXTINGUÍVEL CHAMA

Nossas almas precisam de calor,
não do calor do sol ou da lareira,
mas daquele que brota da fogueira
que em nós ateia e faz lavrar o amor.

Ele tão-só, mesmo fazendo frio
à nossa volta, sem fogão de sala,
as nossas alma em seu colo ambala
num mar de chamas como sendo estio.

Não conhece estações o amor sincero
nem género nenhum de oscilações,
como por mim constato e assevero.

Mesmo caindo neve nas montanhas,
o amor com seus flamígeros carvões
não deixa arrefecer nossas entranhas!

JOÃO DE CASTRO NUNES

João de Castro Nunes disse...

Corrijo a gralha "ambala" por "embala". JCN

tb disse...

Talvez nos tenham apagado o calor. Mas eu prefiro pensar (talvez sonhar) que ainda há quem. :)

João de Castro Nunes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.