12 de dezembro de 2011

NATUREZA SOLAR



No côncavo do gineceu
Reconheço-me pólen.
Frutificou a primavera
Que passou por mim
E deu-me forma de romã;
Como se bem outro eu
Tivesse fecundado hímen
Imaculado no fruto que sonhara
Intocado por mazela malsã.
Como se bem outro eu
Tivesse produzido o sémen
Multiplicador da múltipla seara.
Assim me reconheço e sei
Parte do mundo todo:
Como se o veio da minha Grei
Fosse ribeira clara e nunca lodo.

4 comentários:

tb disse...

Como se... muito bonito e inteligente este poema.
Um abraço, caro Amadeu.

João de Castro Nunes disse...

Fruto sou da minha grei,
de cujo sémen eu vim,
português sendo de lei
com raízes de alecrim!

JCN

João de Castro Nunes disse...

A sua poesia, Professor,
além de enorme originalidade,
possui particular profundidade
que tem a graça de saber expor!

JCN

João de Castro Nunes disse...

GOLPES DE ASA

Gosto de ler a sua poesia,
ilustre Professor, porque ela tem
um jeito de dizer que me inebria,
como não verifico em mais ninguém.

Tem graça, humor, tem laivos de ironia,
um sarcasmo por vezes, um desdém
por tudo quanto cheira a hipocrisia
de uma nação pelintra, sem vintém.

Mas por aqui não fica o seu talento
de poeta de raça e nascimento
pelo saber à cátedra guindado.

Há nos seus versos de universitário
uma expressão de cunho literário
que dos melhores o coloca ao lado!

JOÃO DE CASTRO NUNES