17 de setembro de 2012

CARTA A ANTO

Este poema é dedicado a António Nobre, o poeta do "Só". Foi inspirado pela sua "Carta a Manuel", incluída no mesmo livro. Anto, para onde teria desertado // Teu país de marinheiros e ceifeiras ? // Portugal é Cristo de chaga ao lado // Com danosas ervas crescendo nas leiras. // Anto, não padeças do mal de conhecer ; // E se fores a Tentúgal, trata de ver primeiro // Se ainda sobra verde nalgum reverdecer // Ou se tudo foi tragado por neves de Janeiro.// Sabes, Anto, Portugal é um enfermo como tu, // A tossicar prenúncios de alguma hemoptise // E a procurar no débil e rendido corpo nu // O assomo de força que o salve da crise. // Vive, pois, no torreão dourado que foi teu // Cultiva por aí um silêncio sem esperança // Pois se teu Povo não souber que perdeu // Só te resta morrer … sem mais tardança.

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