3 de setembro de 2012

PORTUGAL É LINDO POR SER POBRE !

O Dó-Tôr Pedro Passo de Coelho tem de ser ajudado. Há que dar-lhe boas ideias, para que ele cumpra o desígnio de salvar Portugal. Por mim, avanço com uma ideia que me parece praticável. Portugal tem de ser um país apelativo para turistas. A este nível, deve impor-se este pátrio torrão, através de fortes ideias promocionais. O Dó-Tôr PP de Coelho deveria lançar, com u rgência, o slogan “Venha ver o país mais pobrezinho da Europa”. Eu bem sei que ele já se está a esforçar muito neste sentido. Mas há bastante mais a fazer. Os pobres como atracção turística, eis a chave do sucesso. Imaginem turistas a sair do avião em Lisboa e no Porto. Na gare, só pedintes, limpos mas esfarrapados. As cafetarias só poderiam vender água quente – nada de cagalhufices como chazinhos ou bebidas adocicadas. Tudo autêntico, tudo local. Depois, o transporte para os centros citadinos deveria fazer-se em carroças. Mas nada de falta de asseio. Todas as carroças deveriam apresentar aquelas fraldas de cavalo para receber os cagalhões dos mesmos. Hotéis só de uma estrela. Mas sem baratas e pulgas. Nada de night-clubs. Só Grupos excursionistas e recreativos, com visitas à Porcalhota ou a Xabregas, incluindo um lanche constituído por um pão ressequido – mas ainda não bolorento – e um bolo de bacalhau (sem bacalhau, claro). Seguir-se-ia a visita a uma Escola. Trezentos e cinquenta alunos para dois professores, uma vigilante e um polícia. Este último, por razões de contenção orçamental, era o responsável pelas aulas de Língua Portuguesa, Filosofia e Música. Nesta última disciplina, o Docente, faltando instrumentos musicais, assobiava o Hino do PSD. Depois, a turistada seria encaminhada para o interior da Nação. Aqui aparecia outro slogan : “Vá ver o barrocal mais solitário da Europa”. Os visitantes seguiam em passo de corrida e bicha de pirilau para a Cova da Beira. Por razões de contenção orçamental, tinha-se tapado a cova e eles só ficavam na beira. E viam coelhos, muitos, famélicos e com ar aparvalhado, a retouçar umas relvas anémicas, amareladas e pífias. À volta, nem vivalma. E se algum turista mais abelhudo perguntasse para onde tinham ido os residentes, receberia a resposta de que no país mais teso da Europa não há residentes. A população, por razões de contenção orçamental, é toda nómada. O regresso aos hotéis far-se-ia por meios próprios, ou seja, a locomoção de pé-posto. Mas haveria a distribuição de uma garrafinha de água da torneira por turista, com a hipótese de dose dupla para os que tivessem “angina pectoris”. A recepção oficial teria de ser feita, neste país mais pobrezinho da Europa, no Paço das Necessidades. Aí, cada um faria as suas. Mas numa só casa de banho, por razões de contenção orçamental. Seguia-se o arraial. Ia buscar-se o polícia do assobio à escola sem professores e punha-se o gajo a assobiar o Hino do PSD. Nessa altura, estando presente o Dó-Tôr PP de Coelho, seria previsível que o turistame lhe quisesse oferecer um outro arraial. De porrada, sem apelo nem agravo. Portugal é lindo!

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