19 de junho de 2013

BIBA A CÓLTURA ! BIBA ! BIBA !

Continuo a gostar muito de entrar em livrarias. O que por lá se aprende ! Hoje, toda a gente escreve e isso é um seguro sinal do estado dos tempos. A locutora , toda penteadinha na capa colorida, que nas primeiras dez páginas ensina a fazer bolos de bacalhau e diz a razão do falhanço da antepenúltima namoração. O treinador de futebol, cheio de garra, expondo a arte do dribling e omitindo a melhor maneira de corromper os árbitros. O panasca de dedo mindinho no ar, explicando como se penetra (credo!!!) nos segredos das tiaças de Cascais e de que modo pode ser-se apalpado (no metropolitano, evidentemente) sem ninguém dar por isso. O triunfador do último Big Brother, ensinando como é que se descobre se as mamas da Vanessa são legítimas ou cheiram a silicone. Os romances daquele fulano que ninguém conhecia, mas que hoje vende mais do que sardinha em véspera de Santos Populares, pois inventa cenas incendiárias de alcova, com seguro recurso a urtigas- de-cu-lavado e a preservativos a saberem a extracto de tangerina. E depois há muito livro de jogging, de decoração, de artes performativas, de lingerie, de kamas-sutras ilustrados ou apenas imaginados, de bonsais, de comida vegetariana, de técnica de iluminação japonesa, de suchi, de jardinagem, de ervas cheirantes curativas, de religião com fotografias garantidas da Nossa Senhora de Fátima, da Nossa Senhora de Lurdes, da Santinha da Ladeira (que Deus a guarde, coitadinha !), de São João Nepomuceno, de Santa Rita de Cássia e tudo o mais. Quem é que disse que a Cultura estava em crise ? Acontece, isso sim, que Vocês não frequentam livrarias.

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