13 de junho de 2013

PADRE ? PRIOR ? NÃO ! VIGÁRIO !

Temos uma língua sonora e variada. Todos os sabemos. Mas , no caso da sinonímia, não escapamos ao mundo das nossas preferências. Por exemplo: uma sacerdote da Igreja católica pode ser designado por Senhor Padre, Senhor Prior ou Senhor Vigário. Tenho de confessar que privilegio o terceiro vocábulo. O primeiro é equívoco. Por que carga de água é que eu hei-de chamar "padre" a um magano que não me é nada ? E por que diacho é que ele é "padre", estando condenado ao celibato ? Padre de quem ? Depois, a proximidade de duas vogais - o A aberto e o E fechado - torna a vocalização pouco expressiva. Prior é um pouco melhor. Induz a visualização de um praticante de "skate". A palavra, primeiro, sobe por força do I, impulsionado por um R que vem mesmo a calhar. E depois desce apressada e envergonhadamente, deslizante para um O tímido. Um Senhor Prior só pode ser um praticante de "skate" pelos corredores das sacristias. Mas bom, mesmo bom, é o Senhor Vigário. Um regalo para os ouvidos e para as beatas da Sé ! Desde logo, o qualificativo sacro inicia-se com um V, que é uma letra vitoriosa e vibrante. Depois, o resto é algo de parecido com a música do "Cosi Fan Tutte" do meu homónimo. Um A aberto, mais aberto do que o decote de uma viúva. E logo um I , a suspirar por um "ai" de confessionário. E tudo se resolvendo, com unção, num U murmurante e casto. Vigário, sim ! Se eu mandasse, obrigaria o Xico 76 a escrever uma decretal, impondo que os sacerdotes deixassem de ser padres ou priores. É que, o que eles são mesmo, por imposição da idiossincrasia e do hissope, é VIGÁRIOS ! Ah, seus Vigários de uma cana ! "Cosi Fan Tutte"

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