23 de novembro de 2007

( ? )

Gosto de pensar que um dia voltarei.
Gosto de pensar que quando morrer
(Daqui a dois ou três séculos vou morrer,
Podem crer ! E voltarei sedento e lento)
Serei um tapete de nuvens no fundo de mim.
Gosto de pensar que sou corpo imortal
Numa alma mortal parida em solilóquio.
Mas o que eu gosto mesmo de pensar
É que o meu tempo se distende como iô-iô
Para cima e para baixo do que sou.
Gosto de me pensar cogumelo em micélio
No meio de uma floresta verde e parva
Onde vagueia uma Branca de Neve
Vagamente prostituta que me enerva.
E hei-de ser também um vagalume
Portador do lume vago do que jamais será.
Mas o que gosto mais de pensar, como o mocho
Sábio da fábula de Esopo ou La Fontaine
É em ser eu próprio, no colo d’uma tipa
Que até pode ser a tal Marlene do Anjo Azul.
Pendem papagaios esparvoados e colados
Nas costas do Peter Pan
Nos braços do Sandokan
Nas coxas do Anjo Azul.
Tudo isto é grandioso. E taful .

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