Primeiro são palavras alinhadas
E de comportamento exemplar
Oh, quão forçado é fazê-las rimar
Quais batalhões de tropas perfiladas.
Depois, p´ra quem não sabe, a poesia
Nunca presta, se demais disciplinada.
Solta-se a vela e vamos à deriva
Dos cheiros, dos sabores, da maresia.
Agora sim, ficou enfim terra perdida
E água à vista. Um sangue todo novo
Em nova escrita. Um não sei quê
De infinita percepção do que se vê
Mas sobretudo do que vai só por si
Uma distância que se palmilha
Um amargor que se toma e se rilha
Sem a necessidade de sair daqui.
A seguir, ou antes, ou agora
O embrulhar sem tino da memória
Destino-vagalume em sintonia
Com um tempo qualquer, tão privativo,
Solto, ou (se quisermos) decepado
Daquilo que não foi por nós amado
Restando só aromas de amor vivo.
2 comentários:
O poeta é semelhante a um joalheiro;
só que em lugar de trabalhar com gemas
opera com palavras e fonemas,
como com rosas lida o jardineiro!
JCN
A par do seu saber valorizado
por uma opulentíssima cultura,
admiro, Professor, com muito agrado,
o seu pendor para a literatura!
JCN
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