31 de outubro de 2011

NOVA CANTIGA DE MALDIZER


O Dias era um huguenote duma crença qualquer.

Oh, quantos dias emergiam do ventre do Tempo

Em que tínhamos de aturar o Dias (oh, quantos dias)…

Mas houve um dia, perdido entre dias,

Em que o Dias se apaixonou por uma Puritana;

E o Dias deixou então, durante dias, de ser um huguenote.

O Dias, pobre dele, sofreu metamorfose e acordou parrana.

Dizem que os dias do Dias perderam a nota do edificante

E que a Puritana – que o era, a sacana – nada perdeu .

Ou seja, o Dias levou dias a pedir o que se sabe

Mas ela, arteira, dissimulada, sabidona, nada lhe deu.

Sim, porque o Dias tinha dias de doutrinações berrantes!

A ironia é que, apesar da paixão, ficou tudo como dantes …

Aqui temos durante muitos dias o Dias preso

À garridice contida de uma bem vivida Puritana

E não já a demonstrações racionais de muito peso.

“Dias, vê como correm os teus dias” , bem lhe dizia a mana.

O bom do Dias, que tinha sido um denodado huguenote,

Levou dias e dias a descobrir que certas formas de amor

Só nos tornam irrecuperável e miseravelmente pequenotes.

Isto de viver dias de grande Amor não é de todos os dias.

Sabes que mais, oh Dias ? até o Amor, velho gaiteiro, tem dias!

5 comentários:

João de Castro Nunes disse...

Para ter dias, de facto,
não é preciso ser Dias:
eles surgem por contacto
ou meras analogias!

JCN

João de Castro Nunes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João de Castro Nunes disse...

Mal-dizer é simplesmente
uma força de expressão,
não passando certamente
de jocosa locução!

JCN

João de Castro Nunes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João de Castro Nunes disse...

Mal-dizer é diferente
de dizer mal, que consiste
em ofender quem persiste
em manter-se renitente!

JCN