31 de julho de 2011

TEMPO DE INVERNO E FLORES


A rosa tem um porte singular e acúleos de raiva

Mas é a violeta macerada quem distribui carinho.

Fica de fora a flor da paixão, a flor de laranjeira

E o alfazema do subtil, delicado e recatado aroma.

Mas no pino do inverno as flores são como ervas

E murcham quais centins velhos na volta do Outono.

Há quem lhes pinte o destino das telas coloridas

Mas aí o que fica é somente o engano do artista

Ou a ilusão com que ele se justifica como criador

Sem que jamais o seja, sem que o possa ter sido …

É tudo assim porque a vida é o botão de rosa

Sem rosa, e a maceração da violeta está só no violeta

Da cor ; e a flor da paixão só nos vem visitar nos dias

Em que circula quente o sangue depurado, e o cheiro

A alfazema só se conserva no salvatério de roupas

Muito velhas. Mas apesar de tudo as flores existem

Na breve natureza em efusão. Que tal nos sirva e baste

E o inverno nos venha encontrar bem enrolados

No xadrês nazareno da manta colorida da velhice.

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