A rosa tem um porte singular e acúleos de raiva
Mas é a violeta macerada quem distribui carinho.
Fica de fora a flor da paixão, a flor de laranjeira
E o alfazema do subtil, delicado e recatado aroma.
Mas no pino do inverno as flores são como ervas
E murcham quais centins velhos na volta do Outono.
Há quem lhes pinte o destino das telas coloridas
Mas aí o que fica é somente o engano do artista
Ou a ilusão com que ele se justifica como criador
Sem que jamais o seja, sem que o possa ter sido …
É tudo assim porque a vida é o botão de rosa
Sem rosa, e a maceração da violeta está só no violeta
Da cor ; e a flor da paixão só nos vem visitar nos dias
Em que circula quente o sangue depurado, e o cheiro
A alfazema só se conserva no salvatério de roupas
Muito velhas. Mas apesar de tudo as flores existem
Na breve natureza em efusão. Que tal nos sirva e baste
E o inverno nos venha encontrar bem enrolados
No xadrês nazareno da manta colorida da velhice.
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