As palavras são compromissos. Não são missangas de esbanjar. As palavras são densas e permanentes. Não são jogos malabares para utilizar como convém. Há dois tipos de criaturas, apostadas em utilizar palavras: os que as usam como marcos de fronteira e os que as utilizam como pedras roladas. Os primeiros são os que delas se servem para selar compromissos irrenunciáveis. Nos velhos tempos da HONRA, alguém dizia, para selar um negócio: "Eu compro por tanto ! Tem a minha palavra.". E não era necessário mais nada. O que era inerente àquele compromisso era sangue e coração, tripas e alma. Mas, como diria Ney Matogrosso, na sua espantosa canção, "o mundo foi mudando nas patas do meu cavalo". E os tristes homúnculos que hoje temos, mudaram essência e condição, ser e parecer, raiz e peidos. Sabujaram tudo. O que ontem era aro de bronze, pacto de alma, marco miliário, converteu-se em tripúdio de feira, boneco de armar, jogo de cachopagem displicente. O que desapareceram foram CIDADÃOS. Ficaram em praça, só, os GAJOS, a " GAJADA ", os APOSTADORES DA VERMELHINHA. Leitor, sabes tu o que é um apostador da "vermelhinha"? Eu explico, para que não te sobrem dúvidas. Nas feiras antigas, apareciam sempre uns sabidões que tinham à sua frente uns copos opacos e uma bolinha redonda, vermelha, que o "jongleur" ia mudando de posição, até a poder sonegar sem que ninguém reparasse. E então, desafiava: "onde está a "vermelhinha"? Todos os que apostavam, perdiam, porque a "vermelhinha", tendo sido empalmada pelo habilidoso, não estava em parte nenhuma. Era uma mera ilusão de conveniência, uma habilidade sem escrúpulos, um cálculo pulha de feira quinzenal. Quando o Partido Socialista ocupou o Poder, o Presidente Cavaco proferiu a consabida máxima: " Há limites aos sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos" (Discurso de tomada de posse, na Assembleia da República, de 9 de Março de 2011). Agora, um Primeiro-Ministro que é afecto à sua preferência política, acaba de anunciar que a maior parte dos seus Concidadãos - e a maior parte aritmética, sem a menor dúvida - irá ser privada de 50% do seu subsídio de Natal. E impõe-se que se pergunte ao Cidadão Cavaco: a sua afirmação ainda subsiste, ou foi apenas a sua "vermelhinha"? Temos o direito de saber se quem ocupa a suprema Magistratura de uma Pátria multissecular é, de corpo inteiro, um Homem. Sem tergiversações. Queira responder ( se puder ...) .
1 de julho de 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Há perguntas, Professor,
que jamais terão resposta,
porque em vez de pundonor
o que hoje temos é bosta!
JCN
Nós estamos condenados
a viver num saguão
à mercê de deputados
que não valem um tostão!
JCN
A ladroeira por vezes
tem a nossa simpatia
quando os ladrões são fregueses
da nossa mercearia!
JCN
Enviar um comentário