30 de janeiro de 2012

A GAZELA E O LEÃO




Na paisagem,
A gazela é a aragem
E o leão perseguidor
A dor
Que fica numa artéria
Mortal.
É coisa muito séria
Ser gazela
Perseguida
Como aquela
Que sente a vibração
Contida
Na pata implacável
Do leão.
É como se a vida
Estivesse toda resumida
Nessa perseguição.
É a gazela como a seta
Dum arco retesado
Assim lançado
Em busca da meta
Da final salvação.
Mas o leão salta valados
Solta rugidos
E arfa numa passada
Larga e refinada
Também ela volátil
Também ela vibrátil
A comer espaços
A sondar laços
Iminentes
Exigentes
Da sua refeição.
A gazela transpira
Resfolga e suspira
Buscando exausta
Sorte menos infausta.
Tudo será mais rápido
No fim.
Gazela morta
Assim
Como nós o seremos
No dia em que sejamos
Presas esgotadas.
A morte é apenas a solidez
Do músculo contumaz
Dum leão à procura
Na lonjura da vida
Duma gazela ferida.

1 comentário:

João de Castro Nunes disse...

A sua comparação
tem muito de realista,
simulando no leão
o fim que temos à vista!

JCN