20 de junho de 2012
FORMOSELHA - SANTO VARÃO
O meu Amigo e antigo Aluno Correia Góis publicou, muito meritoriamente,a obra "Os Coutos de Formoselha e Santo Varão". Na minha narrativa, o título em causa deverá mudar para "Os Coitos de Formoselha e Santo Varão". Basta trocar um u por um i. Passemos então ao que interessa. Localizada entre a Figueira da Foz e Coimbra, existe uma localidade de nome duplo, pois se chama FORMOSELHA – SANTO VARÃO. A designação acicatou a minha curiosidade. Ela é lógica, uma vez que jamais um Varão permaneceria em cheiro de santidade se, em vez de ter próxima uma Formoselha, morasse paredes- meias com uma Formosa. Por isso, o Varão, tornado Santo, “aguentou os cavalos” e Santo permaneceu (dizem as más línguas, mas a minha narrativa infirma-o) até ao momento. Não é líquido que uma Formoselha não seja atiradiça. Mas é mais concebível que a forte determinação do casto Varão assim permanecesse ante os assomos lúbricos de uma Formoselha. Também os Santos do Deserto, os eremitas da areia, acordavam da lôbrega noite que os acolhia com tremuras na carne. Pudera! Consta que o Demo mobilizava não uma qualquer Formoselha para os inquietar, mas uma legião de Formosas – e ainda por cima desnudadas ou , pelo menos, generosamente expostas. É de imaginar que o Santo Varão dormisse pouco. É que, dando de barato que a Formoselha fosse a versão humana de uma gata com cio, a mobilização dos seus encantos poderia contar com a cumplicidade dos lençóis da noite. E aí, poderia acontecer ao Santo Varão o mesmo que acontece a todo e qualquer Varão saudável e não-Santo: sucumbir, abjecto, perante as fervuras dos instintos. Nos meus tempos da Universidade, dei-me com um Colega que fazia gala em só namorar Formoselhas. E fazia-o sempre pela calada da noite. Perante as minhas perplexidades, ele sempre me respondia que acontecia ao sexo o mesmo que ocorria com a fome. E obtemperava : “Se tripa não tem olho, o baixo ventre também não”. Era um Sábio acabado, esse meu estimável Colega, o qual, de resto, na hora da Verdade, acabou por se consorciar com uma mulher bem abaixo, no “ranking” da Beleza, da mais delambida Formoselha. Mas voltemos ao Santo Varão e contemos-lhe o resto da história. Nenhuma Formoselha consente em permanecer Formoselha e virgem pelo resto da vida – a menos que possa ser promovida à condição de Santa Fêmea, mas aí a concorrência é considerável, uma vez que já existe uma Santa Eufémia. Pelo que a Formoselha apanhou o Santo Varão distraído e , num dos raros momentos em que ele se dava aos imperativos de Morfeu, rolou-lhe pelos lençóis abaixo. Quando ele acordou, sentindo ânsias comichosas em zonas erógenas conotadas com o Pecado, o Santo Varão perguntou: “Que se passa, que se passa aqui de tão delicioso e pérfido?”. Ao que a matreira respondeu: “ É a Formoselha, Santo Varão”. E para sempre assim ficaram, a Formoselha cada vez mais Formoselha e o Santo Varão cada vez menos Santo …
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1 comentário:
Uma localidade com um nome duplo? De certeza que não.
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