12 de dezembro de 2012

EVOCAR HERCULANO : UM DEVER NOS DIAS DE HOJE

Houve um dia um Homem ponderado, até talvez um pouco severo, que cometeu a proeza, em pleno século XIX, de ter criado – praticamente desde os alicerces - a História portuguesa como um saber obje ctivo e fundamentado. Era conservador. Alinhava pelas perspectivas de um grande partido liberal e ordeiro, o Partido Regenerador, que tinha saído de uma revolução comandada militarmente pelo irrequieto Saldanha, que mais tarde seria feito Duque. O Partido Regenerador deu a conhecer um dos maiores políticos portugueses de sempre, sem o qual o nosso país se teria afundado ainda mais na comparação com as realidades europeias transpirenaicas. Referimo-nos a Fontes Pereira de Melo, também ele muito afecto aos valores tradicionais da burguesia. Esse Homem e historiador, inicialmente referido, foi Alexandre Herculano. Evocamo-lo aqui porque foi ele que desde sempre defendeu o papel histórico e insubstituível das “camadas médias”. Alexandre Herculano deu a entender, em todos os seus textos, que Portugal se desfiguraria sem remédio e sem retorno se um dia a classe média desaparecesse. Quando verificou que as consequências da revolução regeneradora, em que inicialmente acreditara, se encaminhavam para um argentarismo especulativo e infrene, Herculano abandonou a vida pública e retirou-se para a sua quinta de Vale de Lobos, onde iria produzir “o melhor azeite de Portugal”. É obrigatório que hoje relembremos Herculano. Se ele por cá andasse, certamente que voltaria a retirar-se para o seu Vale de Lobos. As razões da sua retirada seriam as mesmas.

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