29 de outubro de 2008

HOMENAGEM A MONTAIGNE

" No mais elevado trono do mundo, não estamos nós sentados em cima de um traseiro ?"
(Michel de Montaigne, Essais, III, 3)

Em dia d’aniversário

D. Duarte quis saber

Se podia engrandecer

Seu saber imaginário.

 

Quis conhecer seus limites

Medir todas as leituras

Comparar as criaturas

Com seus próprios apetites.

 

Julgou ser excepcional

Muito acima do vulgar

Pois se dava a divagar

Coisas só do seu bornal.

 

Mas de súbito irrompeu

Do profundo da barriga

O flato duma intriga

Do comido ao que comeu.

 

Duarte então entendeu

Como qualquer plebeu

Esse dom que o adornava

E em vapor o tornava.

 

Era de simples matéria

A heráldica passada;

Há lá coisa mais provada

Na bicheza pouco etérea !

 

6 comentários:

Anónimo disse...

VARIAÇÕES DE ASSENTO

Todo e qualquer humano ser... se senta
da mesma forma sobre o seu traseiro,
seja este mais cuidado ou mais grosseiro,
enquanto outro sistema não se inventa.

Somos todos iguais por este prisma,
sob este aspecto, inquestionavelmente,
quer sejamos dotados de carisma
quer não passemos de ordinária gente.

O que varia são as almofadas,
consoante o grau de cada criatura
em termos de poder e de cultura:

senta-se o lente em altos cadeirais,
nos tronos as cabeças coroadas,
ficando os bancos para os mesteirais!

João de Castro Nunes

Anónimo disse...

Os versos alusivos à vida privada de D. Duarte, Duque de Bragança por direito hereditário, além de poeticamente destituídos de qualquer valor literário, são de um mau-gosto abaixo de todo o nível. Uma sujeira. Atitudes destas são francamente dispensáveis. Merecem repúdio, até porque são absolutamente gratuitas e despropositadas, visando apenas achincalhar cidadãos iguais a quaisquer outros, a qualquer um de nós. Causam-me nojo. Haja respeito pela privacidade e dignidade pessoal de cada um! Política é um coisa; baixeza é outra.

Anónimo disse...

Os versos alusivos à vida privada de D. Duarte, Duque de Bragança por direito hereditário, além de poeticamente destituídos de qualquer valor literário, são de um mau-gosto abaixo de todo o nível. Uma sujeira. Atitudes destas são francamente dispensáveis. Merecem repúdio, até porque são absolutamente gratuitas e despropositadas, visando apenas achincalhar cidadãos iguais a quaisquer outros, a qualquer um de nós. Causam-me nojo. Haja respeito pela privacidade e dignidade pessoal de cada um! Política é um coisa; baixeza é outra.

Anónimo disse...

Não costumo, em regra, responder aos comentários deixados pelos leitores deste blog. Abro hoje uma excepção para esclarecer que o D. Duarte dos versinhos é um D. Duarte suposto, hipotético, uma figura simplesmente idealizada. Que é um nobre - ou alguém que se toma por tal -, lá isso é. Mas não é mais nada. Podia ser um D. Fuas, um D.Fulano, um D. Sancho ou um D. Miguel. Mas tinha de ser um Dom, pois só assim estaria a comentar a bela reflexão de Montaigne. Concluo: é necessário saber ler; e, sobretudo, é imperioso esconjurar fantasmas, se estes existem, metidos num qualquer armário.
PS - Esta resposta, sendo excepcional, não terá sequência.

AMADEU CARVALHO HOMEM

Anónimo disse...

O seu escusado esclarecimento pode atenuar o mau-gosto dos "versinhos", mas não o justifica. Como também nada justifica os termos e o tom da sua linguagem. Se é certo que "é necessário saber ler", não é menos certo ser preciso saber o que se escreve e como se escreve. E lembre-se que, com Dom ou sem Dom, de nobre todos temos um pouco, a não ser que deliberadamente se renuncie a esse estatuto dignificante da pessoa humana. Não se rebaixe... por tão pouco!

Anónimo disse...

O seu escusado esclarecimento pode atenuar o mau-gosto dos "versinhos", mas não o justifica. Como também nada justifica os termos e o tom da sua linguagem. Se é certo que "é necessário saber ler", não é menos certo ser preciso saber o que se escreve e como se escreve. E lembre-se que, com Dom ou sem Dom, de nobre todos temos um pouco, a não ser que deliberadamente se renuncie a esse estatuto dignificante da pessoa humana. Não se rebaixe... por tão pouco!