17 de julho de 2009

O NOVO DIA

Ouve: era um dia de sombras e lentas calmarias

por caminhos sem som e fragas solitárias;

e todos os meus passos eram sós, eram párias

suplicando por sinais de novos dias e orgias.



Sente: na tua pele deslizam desejos túrgidos de fogo

em sinfonias musicais de afago, húmido enlace

de dedos e pecados mortais unindo face a face

a súplica fatal co’a oração venal deste meu rogo.



Cheira: há perfumes exóticos nos serralhos de ti

no lívido pecado do guardado sinal de Salomé;

infernos, infusões, calvários, imprecações de fé

espúrias libações de vidas que sentindo não vivi.



Vê: a montanha mais alta é só um dorso de mulher

a repousar sem tempo definido no abandono final

oferecido em laico sacrário a tudo o que é mortal

para que tudo, tudo feneça e cresça em novo Ser.



TUDO ESTÁ PODRE, TUDO ROLOU, EXANGUE.

E NO ENTANTO TUDO É SANGUE DESTE SANGUE!

ALELUIA! ALELUIA! ALELUIA!

SAUDEMOS O NOVO DIA!

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