Ouve: era um dia de sombras e lentas calmarias
por caminhos sem som e fragas solitárias;
e todos os meus passos eram sós, eram párias
suplicando por sinais de novos dias e orgias.
Sente: na tua pele deslizam desejos túrgidos de fogo
em sinfonias musicais de afago, húmido enlace
de dedos e pecados mortais unindo face a face
a súplica fatal co’a oração venal deste meu rogo.
Cheira: há perfumes exóticos nos serralhos de ti
no lívido pecado do guardado sinal de Salomé;
infernos, infusões, calvários, imprecações de fé
espúrias libações de vidas que sentindo não vivi.
Vê: a montanha mais alta é só um dorso de mulher
a repousar sem tempo definido no abandono final
oferecido em laico sacrário a tudo o que é mortal
para que tudo, tudo feneça e cresça em novo Ser.
TUDO ESTÁ PODRE, TUDO ROLOU, EXANGUE.
E NO ENTANTO TUDO É SANGUE DESTE SANGUE!
ALELUIA! ALELUIA! ALELUIA!
SAUDEMOS O NOVO DIA!
Sem comentários:
Enviar um comentário