Há dois saberes: o da razão e o do coração. O primeiro é todo exterior; vive do equilíbrio, da solidez que nos dá a demonstração, da relação empírica entre a realidade e o conceito formulado através dos sentidos. O saber da razão é semelhante ao jardim dos tempos de Luís XIV, com os seus canteiros geométricos, alinhados e sem segredos. Visitá-lo é descobrir uma Natureza límpida e sem segundas intenções, é cirandar com segurança entre as certezas possíveis. Pelo contrário, o saber do coração é todo interior; vive da mutante discriminação do que não é imediatamente visível, da subtileza com que se capta o que se entremostra, da ressonância das coisas na zona sombreada e ambígua da compreensão. O saber do coração é semelhante a um bosque pouco frequentado, em relação ao qual se imagina poder surgir, por detrás duma frágua, um fauno ou um sátiro. Visitá-lo é correr o risco de nele nos perdermos.
17 de janeiro de 2010
OS DOIS SABERES
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