8 de agosto de 2012

SOBRE A XENOFOBIA

A xenofobia assenta no temor e rejeição do diferente. Isto significa, sem a menor dúvida, que o xenófobo não consegue alargar os seus limites de apreciação para além do que lhe é imediato, ou seja, para além daquilo que ele-próprio é e do que são ou parecem ser aqueles ou aquelas coisas que se lhe apresentam. A xenofobia promana, portanto, de um encurtamento de enfoque e de uma especialização exacerbada de juízo. É bom que se diga que a rejeição da xenofobia não implica uma aceitação acrítica das diferenças. Não somos xenófobos quando rejeitamos PARA NÓS condutas, práticas e modos de pensar de terceiros. Mas certamente que o seremos se, espontânea e imediatamente, sem análise cuidada e consistente fundamentação lógica, rejeitamos o outro, só porque ele é diferente. A xenofobia anda invariavelmente associada ao ufanismo nacionalista e à proclamação de ilusórias superioridades, as piores das quais são de base rácica ou racista. A teoria nazi combinava todos estes ingredientes de maneira verdadeiramente explosiva. O anti-semitismo que Hitler cultivou bebia, sobretudo, os seus nutrientes teóricos numa burla histórica monumental: o “Protocolo dos Sábios do Sião”. Este documento foi especialmente forjado para imputar aos judeus uma conspiração financeira internacional, com base na qual estaria em marcha um gigantesco e tenebroso plano de “conquista e escravização da Humanidade”, por via da manipulação financista. É importante que isto seja dito aqui e agora, quando se difundem tantas teorias da conspiração. Não é que elas não possam existir. Mas há que exigir sempre a indispensável comprovação. Todos sabemos que as actuais técnicas de controlo da opinião pública são sofisticadíssimas. Há que evitar, por isso, a pior e mais perigosa de todas as xenofobias : as que podem ser inculcadas jogando com a nossa própria ingenuidade ou com o nosso desconhecimento da realidade.

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