Sabes, eu desejava ter-te
Na contraluz do Tempo insaciável,
Na promessa translúcida
Do que poderia ter sido
Sem me adivinhar.
Sabes, pesa-me agora a letal mortalha
De todas as coisas presentes e fanadas,
O sudário do que perdeu novidade,
Este escapulário das penitências convenientes.
Sabes, o Homem é o burel das oportunidades perdidas
Jazentes nas estilhas de espelhos sem cristal.
Rumamos à velhice cabisbaixos
Deixando por fazer loucas façanhas
Deixando por cumprir Pátrias sonhadas
Deixando por compor roucas baladas
Que um dia em nós vibraram surdamente.
Sabes, todos quisemos partir um dia à descoberta
Do Santo Graal, do Velo de Oiro, do Preste João
E todos acabámos por ficar
Na berma do nosso condoído desencanto.
Sabes, por uma destas tardes sonolentas
Irei fazer-te (de surpresa) uma visita.
Quem me diz que não te possa encontrar
A cuidar das flores do teu canteiro?
Sabes, talvez que o Santo Graal,
O Velo de Ouro e o Preste João
Estejam por aí à nossa espera
No outro lado desse espelho antigo
Mistério e mito desse templo amigo
A demandar uma oração sincera.
1 comentário:
Cá fico à eapera da visita suspresa. Encontras-me, de certeza, no meu jardim a cuidar das plantas e animais. Mas, para ir fazer loucas façanhas... vou logo a seguir. É que é logo a seguir!
Não sei se essas personagens que evocas estarão por aí à nossa espera. Mas alguma coisa há-de estar...
Aparece.
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