Muita gente pressurosa
Atrasava-me o percurso ...
Eu afinava o discurso
A fazer com tino e fé.
Chovia muito e crescia
Na minh'alma aventurosa
Essa imagem buliçosa
Que jamais desaparecia.
Oh! fim de tarde tão cheia
Da virtude do teu rosto
Onde Deus houvera posto
A fome da minha ceia.
Fui procurar-te ao café
No meio d'um vendaval
E julguei-te minha igual
Na parceria e na fé
(Só sentida por quem é
Apaixonado e fatal)
Era meu deslumbramento
Um sinal de fresca idade
Regada num fim de tarde
Pelas rajadas do vento.
Quando cheguei ao destino
Não vi de ti nem sinal...
Enjoei, senti-me mal
Desmaiei, perdi o tino.
Oh minha dor destilada
Num fim de tarde molhada
Pela forma do teu rosto !
Vinho novo do meu mosto
Capa de cor dum caderno
Desejado como eterno
Em vigílias e procuras
Por febris noites escuras.
Oh saudades peregrinas
Em demanda de meninas
Cujas galas me fugiram
Em cafés provincianos
Que meus olhos nunca viram.
Praza a Deus que nunca pares
Num lugar habitual
E que eu, pobre, te procure
Num dia de vendaval
Por territórios e mares.
Por territórios e mares.
Praza a Deus que não te encontre
Num café com chuva a rodos
Num fim de tarde com todos
Os sinais de tempestade.
Preciso de ti assim
Nesse silêncio sem fim
Duma imagem encontrada
Onde não se encontra nada
Num tempo outoniço, mudo,
Quando afinal, meu amor,
Na poesia é que está tudo!
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